Alquimia da ausência
Quando um filho morre,
o tempo paralisa... congela.
No coração, a dor cristaliza
e tudo o que era chão
vira abismo sem borda.
Nego o "fim" com o corpo,
grito "não" com o silêncio,
como se a ausência fosse
apenas um pesadelo
numa noite sem estrelas.
Depois... Minha alma se revolta,
brada ao céu, à vida, a Deus —
raiva em chamas percorre
os veios da saudade.
Por que ele? Por que agora?
Então, barganho com o invisível,
Faço promessas em lágrimas,
imaginando outros desfechos...
Ah, se eu tivesse... e se fosse diferente...
Mas o tempo, implacável, não volta.
E assim, envolta em densa sombra
de um luto que cala o mundo,
a tristeza me consome...
A vida descolore, meu olhar embaça
E o coração, exausto, se recolhe.
Mas um dia... o tempo descongela.
O amor contido nas lembranças
começa a sussurrar com leveza.
O riso dele ecoa nos ventos...
E uma presença etérea se faz viva.
Por enfim, no meu tempo,
aceito o que não posso entender.
Aceito, não com resignação,
mas com reverência a tudo que foi,
é e não pode mudar...
Minha dor se transforma —
ela não vai embora,
encontra o seu lugar —
e, deste processo alquímico,
a força brota.
Quando um filho morre,
um amor eterno desperta —
e, por ele, a alma aprende a caminhar
com mais profundidade, mais silêncio,
mais presença... e compaixão.
Maria Aparecida Giacomini D'Oro
Coletivo MEMORIAL Recantista em prol da Inclusão
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