Nossos dons e talentos se revelam, sutilmente, na infância. Ou seja, quando ainda nos encontrávamos totalmente entregues ao momento presente porque livres do aprisionamento da mente.
Ao contemplarmos a criança no seu estado natural – não marcada por maus-tratos, medos e traumas –, vemos a expressão pura e genuína do amor e da alegria sem causa em movimento. Expressão real de quem verdadeiramente somos, desnudos das inúmeras identidades que vestimos para nos relacionar no mundo e que, equivocadamente, acreditamos ser.
O verdadeiro sentido da vida se encontra intimamente ligado aos dons e talentos que possuímos. Porém, muitos de nós passam pela vida sem ver sentido algum nela, entrando facilmente em depressão. Uma pena!
O sentido da vida caminha de mãos dadas com o nosso propósito maior. Assim sendo, o sentido da vida consiste em utilizarmos os dons e talentos que possuímos para nos tornarmos pessoas melhores, enquanto o grande propósito diz respeito a compartilharmos os frutos desses dons e talentos com o maior número possível de pessoas ao longo da nossa jornada terrena.
Para ilustrar o descrito acima, reporto-me a uma das muitas conversas que tive com minha mãe sobre a criança fui. Certa vez, ela me contou que eu, bebezinha, ficava horas no berço, brincando com uma pena. Pena essa, que também era a doce e indispensável companhia no escuro das noites de minha infância. Hoje, tenho consciência de que meu talento literário já se mostrava, sutilmente, naquele pequenino berço. Aquela pena significava muito mais do que uma simples pena...
Simbolicamente, a pena representa a escrita. Escrita que me envolve a ponto de eu não ver o tempo passar quando estou debruçada sobre pautas vazias, registrando o que minha alma consegue captar sobre o amor e a vida... Vida versada nas dores ou nos amores humanos; vida estampada no riso marcante ou na lágrima reticente... Vida, simplesmente!