Amado filho,
Na fúria das horas que os relógios do mundo já não conseguem marcar, vejo-te exausto e firme na linha de frente, duelando.
No duelo entre a vida e a morte somente um verdadeiro guerreiro extrai forças de suas maiores fragilidades... Assim, fragmentos do tempo que separam a criança que foste do homem que és se remontam em meu coração maternal e eu olho para a criança, buscando-a no homem exausto e firme que vejo. Lágrimas...
Filho, palavras e lágrimas não suavizam a dor nem afugentam a morte ou preenchem o vazio cravado no teu olhar, buscando certezas que eu não posso te dar... Preciso ser forte, pois a linha que separa o menino que foste do homem que és é tênue demais e eu - por amor cego - posso rompê-la.
Lembrando Khalil Gibran, és flecha viva que segue certeira, adentrando a impermanência da vida. Vencerás, eu sei.
Com amor, desde sempre e para sempre!