Fazendo a diferença
Se pudéssemos viver a vida do fim para o início, o que gostaríamos e escrever em nosso epitáfio?
A resposta a essa pergunta não pode se resumir numa frase bonita, desvinculada de nossa real ação no mundo. Para que possamos deixar uma sentença marcante, retratando quem fomos e o que fizemos neste tempo e espaço que ocupamos no universo, precisamos viver conscientes de nossa missão e nosso propósito, precisamos agir coerentemente. E, para tal, estarmos presentes.
Estarmos presentes implica necessariamente estarmos conectados com nossa essência, com as pessoas, com a natureza, com o pulsar da vida. Essa conexão permite-nos agir com equilíbrio e discernimento, bases sólidas para uma vida significativa.
Quando não estamos presentes e conscientes, perdemos. Perdemos nossa humanidade e o contato com nosso espírito. O pensamento sobre o passado (memórias) ou o futuro (preocupações e desejos) fica no caminho e nos impede de fluirmos livremente pela vida, fazendo a diferença no mundo.
Acredito que a história O menino e as estrelas-do-mar ilustra com propriedade essa reflexão.
Numa límpida manhã de verão, um velho sábio caminhava, solitário e reflexivo, na orla. De repente, uma cena patética o despertaria: um menino pegava, na areia quente, as estrelas-do-mar uma por uma e jogava-as de volta ao oceano.
— Por que você está fazendo isso? — perguntou o velho.
— O senhor não percebe que a maré baixou e o sol está brilhando forte? Se as estrelas ficarem aqui na areia, morrerão — respondeu o menino.
— Meu filho, existem milhares de quilômetros de praias por este mundo afora. Neste instante, inúmeras estrelas-do-mar devem estar espalhadas por todas essas praias.Você aqui, jogando umas poucas de volta ao mar, que diferença faz?
O menino, olhando para o velho, pegou mais uma estrela na areia, jogou-a nas águas oceânicas e disse:
— Para essa, eu fiz a diferença.
Fonte: Orvalho para a alma – Litteris Editora – RJ